Falta de entrega interrompe vacinação contra a Covid-19 em Maricá

Em razão tanto do não recebimento de novas doses de vacina pelo Ministério da Saúde (MS), quanto da entrega sistemática de volumes abaixo da necessidade real da cidade, a vacinação contra a Covid-19 será interrompida em Maricá a partir desta quinta-feira (22/04). Além da quantidade insuficiente para imunizar a população dentro do estabelecido pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), os frascos com quantidade menor da vacina registraram mais perdas do que o esperado, como está ocorrendo em todo o país. A situação foi comunicada à Secretaria Estadual de Saúde.

A possibilidade de suspensão já havia levado a Prefeitura a abrir ação judicial nesta terça-feira (20/04) contra a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o intuito de obrigar o órgão a retirar os entraves que vem colocando à aquisição da vacina russa Sputnik V. Maricá comprou 500 mil doses do imunizante, cuja eficácia em campo real é de 97,6%, já cumpriu todos os requisitos legais para efetivar a importação mas a agência vem usando de subterfúgios para impedir o acesso dos maricaenses ao imunizante. A cidade registra, no boletim Covid-19 desta quarta-feira (21/04) mais oito óbitos de vítimas da burocracia.

Sendo momentaneamente interrompida, a vacinação será retomada assim que o município receber novas doses, seguindo o calendário já divulgado, com o adiamento das datas que serão atualizadas.

Desde o início da vacinação em Maricá, a imunização seguiu cada fase dos grupos prioritários à medida que recebia novas doses, assegurando, assim, a disponibilidade de imunizantes para a aplicação da 2ª dose.

Para garantir a vacinação 100% de cada grupo prioritário, o município efetuou o planejamento vinculado às doses recebidas, sem lançar mão do uso indevido da 2ª dose. Por isso, em momento algum a Prefeitura interrompeu a vacinação até o presente momento.

Ao final de março, o Ministério da Saúde antecipou a vacinação do grupo prioritário “Forças de Segurança” para a primeira fase de vacinação e atribuiu aos municípios a responsabilidade de imunizar 18% das forças de segurança municipais: Guarda Municipal e Defesa Civil Municipal. O MS também determinou a data de início da segunda fase da vacinação, que abrange as pessoas com comorbidades para a próxima segunda-feira (26/04).

Para cumprir esse cronograma seria necessário maior rapidez no envio do imunizante, o que não ocorreu. As remessas de vacinas durante o mês de abril até o momento não corresponderam às necessidades. Ou seja, o MS ampliou a vacinação nos municípios sem assegurar o principal, a vacina.

Por outro lado, um grave problema foi identificado em todos os municípios brasileiros: os frascos de vacina, principalmente os destinados à 2ª dose e que deveriam conter 10 doses, passaram a não vir com o volume suficiente. Até a última terça-feira (20/04), a Secretaria Municipal de Saúde de Maricá já contabilizava cerca de 1.670 doses perdidas, ultrapassando a previsão inicial de 5% de perdas aceitáveis. Informada, a Secretaria Estadual de Saúde, em vez de buscar sanar o problema, passou a informar que as perdas deveriam ficar em torno de 10%. Em torno de 38 mil doses foram aplicadas.

A finalização da 1ª fase da vacinação contra a Covid-19 – idosos e pessoas com deficiência institucionalizados, indígenas, profissionais de saúde da linha de frente, outros profissionais de saúde da rede pública e privada, idosos com 60 anos ou mais e a antecipação das forças de segurança – estava prevista para o próximo sábado (24/04), se o município recebesse as doses suficientes.

Sem a remessa de novos lotes e com o aproveitamento inferior de doses nos frascos recebidos, não será possível avançar para a 2ª fase em 26 de abril, como planejado, na criação de um calendário unificado para os municípios de Maricá, Rio de Janeiro, Niterói e Itaguaí. Caso as doses não cheguem imediatamente, essa etapa estará automaticamente adiada.

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